"Quem olha para fora, sonha. Quem olha para dentro, desperta." Carl Gustav Jung
"Se não consegues entender que o céu deve estar dentro de ti, é inútil buscá-lo acima das nuvens e ao lado das estrelas." Charles Chaplin
Faz parte da natureza humana a busca do amor. Queremos ser aceitos, compreendidos, ser amados, enfim. Queremos sentir o calor humano, sem o qual é quase impossível sobrevivermos saudavelmente. O engano, porém, é concentrar essa busca de afeto somente fora de nós mesmos, o que faz prevalecer um constante desassossego interno.
Ao tomar consciência dessa intranquilidade, uns vão procurar se olhar e se compreender melhor através da busca do autoconhecimento. Optam por dar um mergulho nas profundezas do seu Ser, para emergir com mais paz, amor e sabedoria.
Outros, na ânsia de serem aceitos e amados, entram em caminhos distorcidos, feitos de atalhos, cheios de ilusões. E, quanto mais caminham, mais distantes ficam do que buscam. Fogem do sentir a si mesmos, da verdade de suas vidas, através do sexo, da conquista do poder, do dinheiro, do status social, bem como do uso do álcool e de outras drogas.
Se não acordamos em tempo, corremos o risco de viver sempre isolados de nós mesmos e procurar no mundo externo o que está dentro: a nossa fonte suprema de amor. Se não conseguimos voltar os olhos para dentro de nós mesmos, não obtemos o almejado sustento emocional e espiritual. Tornamo-nos adultos infantis, carentes e dependentes.
Quantas vezes desejamos e cobramos das pessoas com as quais nos relacionamos algo que não fomos capazes de nos dar, como atenção, amizade, aceitação, carinho, respeito, compreensão? Como querer que o outro nos dê aquilo que não nos damos? É contraditório...
Se nos aprofundamos no autoconhecimento, não ficamos carentes e necessitados o tempo todo de atenção externa, vamos descobrir que dentro de nós existe um tesouro, que nos acalenta eternamente, um bálsamo sagrado de silêncio e amor, que nos ampara em qualquer situação. O nosso valor não dependerá de nota dez ou zero de ninguém a nosso respeito. Ganhamos forças para encarar a realidade e deixamos as ilusões, imagens e fantasias caírem. Não ficamos à mercê do julgamento do outro. Vamos ser nós mesmos, mais livres, amorosos e espontâneos, com menos julgamentos e muito mais aceitação, conosco e com os outros.
Se conseguirmos nos relacionar com mais harmonia conosco, em primeiro lugar, os relacionamentos com as pessoas ao nosso redor serão fundamentados no compartilhar, vidas que se encontram em uma dada dimensão de tempo e espaço. Bem diferente de uma relação de necessidades e exigências, que coloca o outro como um objeto, com o dever de nos nutrir e atender as nossas demandas, por mais absurdas que sejam.
À medida que nos interiorizamos, expande em nós o sentimento de autoaceitação e amadurecemos emocionalmente. Consequentemente, aumentamos as nossas possibilidades de atrair pessoas com as quais podemos nos relacionar de forma mais consistente e amorosa, com base no respeito recíproco e com uma troca sincera de afeto, ao invés do apego e da dominação que “coisificam” as pessoas.
À medida que nos interiorizamos, expande em nós o sentimento de autoaceitação e amadurecemos emocionalmente. Consequentemente, aumentamos as nossas possibilidades de atrair pessoas com as quais podemos nos relacionar de forma mais consistente e amorosa, com base no respeito recíproco e com uma troca sincera de afeto, ao invés do apego e da dominação que “coisificam” as pessoas.
O amor não contempla a posse e o apego. Se um número maior de pessoas tivesse abertura, coragem para sair da parte periférica do ser e aprofundar o contato interno, não haveria tanta miséria afetiva, haveria muito mais encontros, que nutrem as pessoas, do que desencontros, que frustram, decepcionam e ferem uns aos outros. Entretanto, grande parte prefere a pseudossegurança das suas cascas e das águas rasas. E, no raso, não dá para conhecer quem realmente somos. A nossa essência fica esquecida, adormecida e a nossa capacidade de dar e receber amor permanece encolhida.
As potencialidades mais belas do ser humano ficam invisíveis vistas da superfície. Se quisermos descobri-las e vivenciá-las, temos que perder o medo das águas profundas e dar um mergulho em nosso ser, de onde resgatamos o senso maior de dignidade, respeito e valorização da nossa expressão. Assim, abrimos passagem para o amor entrar e fluir em nossas vidas.
BENEDITA ENILDES DE CAMPOS CORRÊA – Consultora na área de Qualidade de Vida. Administradora e Terapeuta Corporal. Prof. de Yoga. Ministra seminários vivenciais a organizações governamentais e privadas. Autora do livro Vida em Palavras.
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